sexta-feira, 19 de junho de 2009

As Crianças


São puras, inocentes, verdadeiras.
Chamam-lhes anjos, arautos e afins.
Elas é que são Buda e Jesus.
Consta que não têm maldade
ou preconceite.

Deve ser por tudo isso que são o melhor do mundo.
Muitos poetas falam delas.
Menos, falam para elas.
Muitos menos, falam com elas.
Afinal, são apenas seres em construção
mas já são o melhor que podem ser.

Não vale a pena gastar muita tinta com a perfeição,
o poeta vive do caos, do erro, da paixão.
Diz-se que são seres humanos em potência.
Se eu soubesse o que é ser um ser humano…
potência, acho que sei.

Eu já era o eu que hoje sou.
A diferença é que me perdoavam todas as crueldades,
que me davam almoço e jantar
e me aconchegavam na cama
e eu não tinha que fazer nada… só existir.

As crianças olham as coisas
como se não percebessem nada
do que vêem
e têm com elas uma intimidade digital.

Eis a essência e também o Graal.
Mas o melhor da infância foi que eu era imortal.

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